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Instalação do Município

 

O Patrono


Domingos Soares nasceu em 16 de abril de 1852, em Guarapuava-Pr. Filho do Coronel Joaquim Mendes de Souza, (um dos participantes da primeira expedição exploradora dos Campos de Palmas) e de Dona Cezarina Antonia de Jesus. Domingos Soares passou a maior parte de sua infância na Fazenda São Joaquim, no Município de Palmas, para onde veio residir ainda pequeno. Domingos Soares casou-se com D. Maria Lourenço de Araújo.

 A filha do casal Julia Maciel, nascida em 08 de julho de 1895 casou-se com Antonio de Araújo, desta união advieram dez filhos: Maria Lourenço de Araújo(14/06/1916), Domingos Soares de Araújo(25/12/1917), Manoel Lourenço de Araújo(04/06/1919), Ana Maciel de Araújo(29/05/1921), Nayda Maciel de Araújo(24/01/1923), José Lourenço de Araujo(21/06/1924), Elvira Maciel de Araújo(14/03/1927), Francisco Mirabeau de Araújo(06/01/1932), Aurora Maciel de Araújo(10/04/1934-única viva) e Pedro Antonio de Araújo(25/05/1936).

Com o irmão o Sr José Maciel de Souza, que era proprietário de 1400 alqueires na Fazenda Fortaleza, montou em sociedade um engenho de cana para a fabricação de açúcar, pinga e álcool.

Foi proprietário de uma área de 750 alqueires na “Cabeceira do Rio Jangada”, na época Distrito de General Carneiro, uma área de 326,5 alqueires na localidade de “Cacumbangue”, hoje Município de Cel Domingos Soares, dois lotes de terras rurais no lugar chamado de “Pepiry-Guassu”, Município de Chapecó-SC, com 834,5 alqueires e foi proprietário também da Fazenda Bom Sucesso, com 1.570 alqueires, distante de Palmas esta propriedade apenas 24 quilômetros hoje território do Município de Cel. Domingos Soares, uma terra composta de matas, madeiras de lei e pinheiros, além de campos e ervais nativos. Manteve em suas posses um rebanho médio de  800 cabeças de gado, caprinos, eqüinos, animais sempre de raça pura e selecionada. Foi um fazendeiro que sempre deu atenção a esta atividade buscando, inclusive, na Argentina técnicas de aprimoramento para a criação. Quando faleceu em 1928 Domingos Soares, segundo consta do processo de inventário da Comarca de Palmas, possuía mais de 3.400 alqueires de terras além de outros bens.

Mostrou-se ávido pelo progresso de sua região, estando presente no tratado para uma grande via de comunicação entre Pato Branco (Município de Clevelândia) e Santo Antônio (Barracão), com vistas ao desenvolvimento dessa fértil e rica região.

Nas legislaturas de 1914 e 1918 foi Deputado Estadual pelo Paraná e, de 1912 a 1916 e de 1925 a 1928 exerceu o cargo de Prefeito do Município de Palmas.

 Foi neste último mandato que enfrentou grandes dificuldades, tendo sido injustamente detido no P.G. sob suspeita de conivência com forças revolucionárias opostas à ordem vigente, por determinação do Comandante Militar destacado em Guarapuava, o General Cândido Rondon, que num ato de grandeza voltou atrás, penitenciando-se de forma a restabelecer o conceito de honorabilidade do então Prefeito de Palmas, nos termos do original do telegrama assinado por Rondon:

 “Guarapuava, 5 de março de 1925. Coronel Severiano, commandante do DestacamentoSeveriano. Recebi última declaração Coronel Domingos Soares, que julgo sincera e portanto acceitável por este commando, ficando em relação a elle inteiramente esclarecido o assumpto que deu lugar a sua detenção no vosso P.G. Em meu nome peço levar-lhe o pesar que tenho de o ter submetido aos rigores de medidas excepcionaes, para averiguações de factos em que o seu nome está envolvido, como elle verificará nos dois telegrammas que vai receber de pesadas. Ao nobre ancião Prefeito da cidade, apresentará a satisfacção que me cumpre dar-lhe pedido de excusas que lhe faço pelos soffrimentos Moraes que experimentou emquanto durou o inquérito em segredo de justiça. Republicano dos mais puros, dos mais nobres do Paraná, estou certo que saberá interpretar devidamente o intuito deste commando, quando o convidou a responder pelo enygma que encerram os telegrammas a elle dirigidos de Iguassu’ por Palmas. Tenho a convicção de ter sido por esse commando tratado com a attenção e respeito que a sua hierarchia social exige e a nobreza que sua idade reclama. Rejubilo-me com a população de Palmas pela restituição do seu venerando prefeito às altas funcções que exerce de Governador da cidade .

Aff. Rondon”.

 Domingos Soares teve participação de relevância na “Revolta do Contestado” guerra da história brasileira que transcorreu de forma mais acentuada entre os anos de 1912/1916, coincidindo com a primeira gestão de Prefeito de Domingos Soares, atingindo seu ápice no entrevero Cel. João Gualberto e o Monge José Maria, no Irani. Como lhe cumpria a missão, recepcionou o então numeroso comboio militar no dia 18/10/1912, ainda na região do Horizonte, próximo a Fazenda São Joaquim, prestando toda espécie de auxílio as tropas e comandantes. Após vários dias de preparativos, mais especificamente em 20 de outubro, Domingos Soares encontrou-se com Cel. Gualberto a fim de dissuadi-lo de atacar as forças do “Monge”, sem sucesso, e se propôs a parlamentar com José Maria a fim de evitar um epílogo sangrento. Em 21 de outubro às 11 horas da manhã Domingos encontrou-se com José Maria levando consigo carta de rendição assinada por Gualberto, o Monge duvidou das garantias oferecidas para a rendição, dizendo-lhe Domingos Soares que também garantia as condições, em virtude de tal afirmação manifestou-se o Monge José Maria:

 “Sim, - concordou ele – pr’a o senhor eu podia ir, seu coronel; mas isso eu sei não está no senhor; eu lhe conheço, seu coronel, pr’a o senhor eu ia. – Eu tenho 8.000 homens pr’a brigar, seu coronel”.(A República, 18-11-1912)

Diante de tais afirmações, a expedição de Domingos Soares tornou-se infrutífera, porém ciente de que fez o que podia de melhor diante dos fatos e da situação que se apresentara. O desfecho da revolta resultou, além de inúmeros mortos e feridos, no falecimento de Coronel João Gualberto e do Monge José Maria.

Em 10 de dezembro de 1926 juntamente com familiares e amigos comemorou “Bodas de Ouro” ao lado de sua esposa coroando a passagem de seus 50 anos de enlace matrimonial de muita alegria.

Cel. Domingos Soares, faleceu em 13 de março de 1928 com 76 anos de idade, na Fazenda Pitanga em Palmas, onde achava-se em tratamento de saúde, no exercício de seu segundo mandato de Prefeito de Palmas.

No Museu Público de Palmas, além de outros objetos, está guardado em redoma de vidro um par de botas pretas as quais foram de propriedade de Domingos Soares.